UM DIA QUE DEVIA SER FELIZ



A posse dos órgãos autárquicos deveria ser um dia de festa, tanto para aqueles que conseguiram mais votos, como para os que conseguiram menos reconhecimento eleitoral das suas propostas. Todos representam o povo e como tal deveriam ser respeitados, todos foram eleitos democraticamente e com campanhas limpas, depois de os militantes dos seus partidos os terem escolhidos como os mais capazes para gerir as instituições municipais.

Todos sabemos que nada disso acontece em Vila Real de Santo António, uma terra de grandes tradições democráticas que parece mergulhada numa noite democrática que poderá chegar aos dezasseis anos. Todos conhecemos os truques, sabemos dos envelopes, dos almoços, dos favores, das empresas amigas, das pressões.

A democracia serve para que sejam escolhidos os melhores, mas todos sabemos que uma democracia podre leva a que nem sejam escolhidos os melhores candidatos nem os melhores autarcas. É por isso que hoje em vez de estarmos celebrando a democracia estamos assistindo com tristeza a mais um ato de uma ópera bufa.

Os que ganharam sabem como o conseguiram e não sentem vergonha na cara, os derrotados sabem como perderam e cumprimentam os empossados com um sorriso no rosto. Vão começar mais quatro anos do mesmo, de favorecimentos, de presença cubana, de negócios questionáveis, de aumento da dívida, de basófias, de tristeza.

Mas é também o primeiro dia para a oposição que deve começar por uma reflexão, como é possível que uma equipa tão incompetente consegue quatro anos depois de nada ter feito ganhar as eleições com uma mairoia absoluta? Os abusos, as manipulações, os almoços, os almoços e a manipulação
eleitoral da miséria económica e cultural não explica tudo.

A oposição perdeu também porque não foi suficientemente competente e os partidos devem refletir sobre se escolheram bem os dirigentes, se a forma como funcionam internamente é entendida pelos eleitores, se os seus modelos se adequam aos desejos da população. é bom que o faça, sob pena de dentro de quatro anos voltarem a perder.