PRINCÍPIOS



Não há democracia sem debate de ideias, debate que pode ser feito e deve ser promovido a todos os níveis, para que todos participem e se sintam responsáveis pelo seu concelho ou pelo seu país. Um debate livre, sem medos, sem condicionalismos ideológicos, sem tutelas, sem interesses, um debate que tanto pode ser feito na assembleia do município ou da freguesia, no jantar familiar, na conversa de café ou nas redes sociais. Um  debate para todos e não para pequenas elites políticas ou jornalísticas, um debate democrático.

Longe vão os tempos das sessões de esclarecimento e dos comícios, as manifestações das campanhas eleitorais são o oposto do debate político, o poder faz hoje o que fazia dantes, quando os caciques organizavam manifestações. Toda a gente sabe que as arruadas realizadas em Vila Real de Santo António estavam cheias de gente que não pode prescindir do subsídio camarário.

É preciso acabar com o medo de perder o emprego, de deixar de ter acesso ao subsídio, de ver a licença recusada pela autarquia, o medo de estarmos a ser vigiados, de alguém nos ouvir, por receio do julgamento que o senhor presidente ou o senhor vice-presidente da autarquia possam fazer de nós. É preciso repor a democracia nos eixos, são os cidadãos que escolhem os autarcas e não os autarcas que escolhem os cidadãos que têm direito ao emprego, ao subsídio, à consulta de oftalmologia ou ao que quer que seja.

Este blogue via apenas promover a reflexão entre vilarealenses, aqui só não têm lugar os que não respeitam a democracia, que reduzem a cidadania a uma sopa dos pobres, que acham que cada vilarealense é um subsidiodependente em potência, esses podem servir-se das poltronas de veludo pagas com a imensa dívida municipal.

Aqui serão discutidos as ideias e projetos, denunciada a corrupção e oportunismo, combatida a incompetência e a opacidade. Como escreveu António Aleixo, que nasceu neste Largo, numa pequena casa que foi durante muitos anos a oficina do Mário pintor:

"Quem prende a água que corre  
é por si próprio enganado; 
o ribeirinho não morre, 
vai correr por outro lado."

No primeiro dia foram quatro visitas, no segundo dez, uma semana depois e ainda com o Largo em obras as visitas tinham sido mais de 1200, podem meter medo, podem chamar à presença do presidente quem ouse falar com jornalistas, podem impor o cochicho a toda uma população. Mas há sempre que ouse dizer não, quem fale mais alto, quem faça a nascente do ribeirinho que vai correndo e acabará por ser mais forte do que a corrupção. Uma corrupção que não é necessariamente limitada ao conceito do Código Penal, uma corrupção ética, de valores, uma corrupção que apodrece a sociedade e as pessoas, como se tem visto em Vila Real de Santo António.